"Eles já sabiam"
Mariana Hoje, cinco de novembro, completamos dois anos do triste episódio que produziu a devastação da Bacia do Rio Doce, aqui vivenciado pelas artistas Ana Carolina Fernandes, Anna Kahn e Kitty Paranaguá nas bordas do rio onde fazem seus inventários e circulam com desenvoltura na cena do crime. Carolina e Kitty fotografam fragmentos de materiais da paisagem caótica do que sobrou em meio aos cinqüenta e cinco milhões de metros cúbicos da lama tóxica. São imagens residuais, são imagens que clamam por permanência e vão além do tempo noticioso. Já Anna Kahn atravessa a cena coletando objetos-vestígios para reprocessá-los mais adiante no seu ateliê do Rio de Janeiro. Daí saíram duas esculturas orgânicas, manipuladas com argila, que remetem à flora e à fauna e uma “angustiante” performance registrada em vídeo.
Nesse momento de agudo desequilíbrio entre o lucro e o meio ambiente, essa combinação de fotos, vídeos e objetos esculturais sugere ou quer refletir de forma poética a ideia de omissão, ganância e desprezo pela vida.
Rogério Reis