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"Copacabana"
Rio de Janeiro​, 2007

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

"Copacabana é um símbolo do Rio de Janeiro, cartão postal da cidade, em geral ela é vendida e mostrada desta maneira. Nasci lá. Por volta dos 25 anos morei mais 2 anos, quando escolhi este lugar para fotografar já tinha uma relação afetiva com esta praia. Faz parte da minha vida, caminhar na areia e mergulhar em Copacabana. É como um casamento bem resolvido de muitos anos, quanto mais intimidade, melhor a relação. Ando sempre com a minha máquina, muitas vezes passo meses sem fotografar; outras, fotografo muito. Depende da sintonia do momento. Para se fazer um bom trabalho é importante vivenciar este lugar, caso contrário, seu olhar vai ser sempre de estrangeiro. Não que seja ruim, mas para mim não funciona desta maneira. Acabei de chegar dos Glaciares, na Patagônia, nunca vi nada parecido com aquilo. Fotografei como turista, tenho certeza que para fazer algo diferente das milhões de pessoas que passam por lá, é preciso ficar um tempo, criar laços, aprender a ver. Copacabana, mesmo para mim, é diferente de outros projetos que tem um fim, ou que seguem outros desdobramentos. É um projeto de vida, acho que enquanto tiver energia, vou andar lá com a minha máquina. É um templo, o lugar que medito, que penso na vida, que me conecto com o mundo espiritual, que exercito meu olhar."

Trecho da entrevista para Janaina Torres. Resposta para a pergunta: Você fotografa a praia de Copacabana há dez anos. O que mostrar, além do que já foi mostrado, de um dos locais mais fotografados do mundo?


 

"Copacabana, Céu Aberto"
por Walter Carvalho, Fotógrafo, 2007


Muitos foram os escritores, poetas e compositores que cantaram e imortalizaram a paisagem de Copacabana. Agora é o olho de Kitty Paranaguá que traz uma constelação de luz que estala, branca, nas paredes das fachadas maculadas pela prata intensa dos seus filmes.

Suas formas fotográficas se materializam numa obliqüidade de ângulos que desafia o olhar e as imagens ocupam o espaço num equilíbrio de formas, entre o cheio e o vazio. Entre um intenso volume de tons escuros em oposição a uma expressiva massa de brancos, suas fotos constroem uma narrativa acromática da geografia humana e urbana, numa convivência harmoniosa das formas e dos volumes.

 

O legado de Kitty é o seu olhar; lucra quem olha a praia de  Copacabana através do seu trabalho. Ela se coloca certeiramente entre dois pontos: o infinito e o objeto que está mais próximo; tudo se transforma num poema visual. Ou melhor, em proesia, porque o olhar é a sua prosa e o seu quadro, a poesia.
 

Sem nenhum virtuosismo técnico, tão em voga nos tempos de hoje, não há exagero de objetivas estranhas e nem ângulos impossíveis nos seus enquadramentos. Tudo está sob medida. Um cristal de luz esparge sobre a areia desenhada de grãos e a prata revelada em suas fotografias se compõe de fontes que iluminam o olhar de um cão peludo, sustentado pelas mãos do seu dono que flutua como uma criança feliz no passeio a caminho do mar.
 

Neste cenário praieiro delineado pelas imensas construções edículas, Kitty Paranaguá registra os movimentos dos curiosos tipos em suas caminhadas matinais e ensolaradas na nobre calçada da praia. Inclina sua câmera tão próxima do horizonte e nos revela o impacto que a luz exerce sobre a paisagem, como uma matéria impressionista.
 

São imagens que aproximam a gente de nós mesmos, porque vivemos num mundo de pressas, onde até o amanhã é provisório, não há mais tempo para a contemplação. Passamos todos os dias pelas calçadas da praia e muitas vezes não nos damos conta da beleza da paisagem e do mar. Já não observamos os movimentos dos ventos sobre as águas, a transição da luz sobre os cristais e partículas no espaço que desenham a cada instante um espetáculo singular que as lentes de Kitty revelam em suas intrigantes fotografias.
 

Sua câmera observa a textura das areias e dos céus como um tecido do tempo e na calçada a nódoa cinética de um cachorro travesso ou o gesto entrelaçado dos amantes. Diariamente muitas câmeras apontam para as ruas de Copacabana, mas só o olhar de Kitty capta a poesia intensa daquele bairro. Nesta exposição ela traz generosamente a poesia do seu olhar até nós.


"A Copacabana Mítica de Kitty Paranaguá"
por Pedro Vasquez

 

As barbatanas de tarde sobre o mar e essa passagem do sol poente à noite são os momentos momentos em que o coração é um pouco descontraído. Terei sempre amado o mar. Ele tem sempre apaziguado tudo dentro de mim. Albert Camus.
 

A praia é tanto um acidente geográfico quanto um fenômeno cultural. Cada praia tem uma aparência geológica e uma aparência distinta, o que é protegido por uma doença ou aberta para o oceano, é um caso de areia branca ou branca, ao contrário, escarpada e pedregosa. Da mesma forma que cada praia, nenhum caso das grandes, cada parte da praia é dominada por uma tribo diferente: os surfistas, como famílias, como bebês e como mães de jovens, os jogadores de frescobol, de futebol, de futevôlei, de vôlei, peteca, de bola pesada, os marombeiros, os maconheiros, os pagodeiros, os intelectuais, os mauricinhos e como patricinhas, os gays, os devotos de Iemanjá, os nudistas…
 

As praias são chiques e exclusivas, como existem praias e superlotadas. Existem jovens, repletas e repletas de corpos esculturais, como as praias de areias medicinais, cheios de anciões transformados em croques humanos dormitando ao sol como rechonchudos leões-marinhos reumáticos. There, enfim, times rockessandsdouble, mayoredrespired, divived that orvented in numera dia or as forces of the ventos and the marés that esculpiram no correr dos séculos. As estratégias de propagação de uma iniciativa incessante sobre as energias de terra acariciaram-se para o século XIX, quando se usavam infestadas de alimentos mais terríveis monstros marinhos.
 

Essa é uma praia de todos. A praia vendida pelas agências de turismo, a praia do senso comum, a praia do erotismo a céu aberto e do congraçamento e o estranhamento social. Mas esta outra praia subjacente a todas as outras: uma praia dos místicos, dos poetas e dos artistas. A praia em que os refugiados se encontram para enfrentar a pequenez está na contemplação do oceano sem fim e do céu, que se encontra em um estágio inexistente mas que é tão concreto: a linha do horizonte.
 

Uma areia da praia divide o mundo em dois. Na terra residem como incertezas, como angústias e como aflições. No mar, nas proximidades da linha do horizonte, tudo é ordem, paz e perene certeza. To the one a litigiosa, uma espécie de albergue espanhola onde cada qual é apenas uma coisa que traz consigo e onde há apenas aquilo que está pronto para ver.
 

Kitty Paranaguá foi sensível ao aspecto misterioso e transcendental da praia, da praia e das praias, de Copacabana, sala de todos os jogos e de todos os vícios - uma praia na qual foi derrubada uma igreja consagrada à Nossa Senhora que lhe deu “Mas também, da sua natureza intrínseca de praia, um espaço reservado ao devaneio, à criatividade, à meditação e ao auto-esquecimento. A praia de Kitty Paranaguá não tem como cores o papel dos cartões postais das meninas ou as fotos de gravação, tem uma densidade das praias inglesas de Bill Brandt, com um contraste que pode ser caracterizado de forma explícita e os vazios da arte tradicional zen. Vazios que devem ser habitados e preenchidos pela imaginação do observador,
 

A Copacabana de Kitty Paranaguá não é um mito profano, dos que sofrem de excesso de testosterona ou de furor uterino, e dos criminosos do hemisfério norte que aspiram dar o último suspiro antes de virem curtir uma vida nesta que é uma combinação perfeita de tudo aquilo que é bom e ruim que faz o Rio de Janeiro ser o que é. Ao lado de uma praia de Copacabana, Kitty Paranaguá foi além do mito para atingir uma dimensão mítica, para ingressar em um universo paralelo que escapa ao olhar trivial e dali nos trazer, consubstanciados pela fotografia, vislumbres da outra natureza. Essa nova série é uma coroação de trabalho que exemplifica a desdobra por mais de década e meia, atestando a originalidade de seu talento e nos fazendo a evocação de um projeto de Povo Kogui, habitante da região de Serra Nevada de Santa Marta, ao norte. da Colômbia:

No início era o mar… tudo estava escuro.

Não sol, nem lua, nem gente, nem plantas.

O mar estava em toda parte.

O mar era a mãe:

o mar não era gente, nem ninguém, nem coisa alguma.

Ele era o espírito daquilo que viria.

Ele era o pensamento e a memória.

 

"Copacabana"
por Marco Antônio Portela, Galeria Zoom Paraty, 2013


A fotografia está no campo da imagem técnica, aquela que usa uma máquina para chegar ao resultado final. Baudelaire que ela nunca chega a condição de arte. Ele, infelizmente, não teve uma oportunidade de conhecer uma produção imagética de Kitty Paranaguá. Essa artista, que usa a expressão meio de expressão, apresenta-se sempre com uma sacada sensível, poética e inteligente, ao mesmo tempo que se preocupa com um resultado estético de enorme coerência e felicidade para quem está frente a suas imagens. Arte, com certeza; mas não por gerações belas - elas vão além. No primeiro momento, suas fotos são enviadas para uma crônica sobre os mais famosos do planeta, a Praia de Copacabana, e, em seguida, um artista em seus devaneios poéticos, em uma Copacabana que não é um lugar geográfico,
 

Imagens que falam de Copacabanas, paixões, belezas, mistérios, crenças, humores, relações. O que as imagens são da ordem do homem, e vemo-nos deslocados para dentro de suas fotografias como os suportes de areia, corpos salgados e muita areia. O que foi feito com as imagens carregadas de um deleite estético, pontos áureos, simetrias, perspectivas, Ela nunca abandona o posto de hábil fotógrafa e realizadora de belas imagens, mas essa condição não é basta. Ela tem o contato além do prazer retinal, procurando um contato mais íntimo, próximo e profundo.
 

Não vemos na obra de Kitty uma mensagem de empacotada, encerrada; muito ao contrário, ela abre caminhos, deixando mais dúvidas que as certezas, uma verdadeira obra aberta. Sua produção é para uma preocupação de nos atingir em nossa própria essência, que somos; A partir de um ponto geográfico para chegar à natureza humana, aquilo que nos conecta e nos forma, que faz nos homens e mulheres. Este é o desafio poético da artista, o que ela, muito habilmente, vem há anos procurando realizar.
 

O download do conteúdo visual é extraordinário em suas fotos e, com isso, corremos o risco de usufruir parte da mensagem do artista. Se continuarmos atentos, observando suas imagens, perceberemos que ela abre um canal de diálogo, deslocando-nos para dentro de nós mesmos. A fotografia de Kitty Paranaguá, ainda que seja seu problema, cala quem, ainda prefixado os preceitos modernistas, preocupa-se mais com o suporte e a técnica, relegando a fotografia a um plano inferior, dos serviços e não da arte. A imagem apresenta-se, incrivelmente, como algo que, mesmo carregado de extraordinário rigor técnico na sua construção imagética, ultrapassa o ponto de vista de uma pesquisa que nos leva a construir, fazer perguntas, fazer perguntas e, felizmente, não deixar resposta definitiva para nada
 

Então vamos.



"Menção Honrosa"
Ensaio "Copacabana" recebe menção honrosa no POY Latam - Fotos do Ano Latinoamérica, 2013.
Veja como fotos premiadas clicando aqui.

Coleções
MEP, Maison Européenne de la Photographie
• 
Joaquim Paiva.

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